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"Sou daquelas almas que as mulheres dizem que amam, e nunca reconhecem quando encontram, daquelas que, se elas as reconhecessem, mesmo assim não as reconheceriam. Sofro a delicadeza dos meus sentimentos com uma atenção desdenhosa. Tenho todas as qualidades, pelas quais são admirados os poeta românticos, mesmo aquela falta dessas qualidades, pela qual se é realmente poeta romântico. Encontro-me descrito (em parte) em vários romances como protagonista de vários enredos; mas o essencial da minha vida, como da minha alma, é não ser nunca protagonista." (Fernando Pessoa)

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sábado, 23 de abril de 2011

Não estou para ninguém...(#2)

 ... Exceto para os transeuntes do passeio dos meus sonhos, aqueles que não têm cara, não têm pormenores para eu analisar e me apaixonar. Perdidamente. Eu devia ficar pelos contornos da praia e do areal, e tentar desenhá-lo à medida da sua imensidão, e desistir a meio porque a eternidade é indeterminadamente bela e é essa imprecisão que lhe confere traços tão mais graciosos quanto inacessíveis. Eu não sei desenhar a eternidade. Talvez se soubesse a desenhasse sob a forma do teu rosto, que é a única coisa que eu sei desenhar sem me cansar, e sem perder o rumo. É a única coisa que me sabe bem quando tudo o resto me sabe mal, ou pura e simplesmente não me sabe a nada.

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