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Quem sou eu
- Carlos César Moreira Lopes
- Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
- "Sou daquelas almas que as mulheres dizem que amam, e nunca reconhecem quando encontram, daquelas que, se elas as reconhecessem, mesmo assim não as reconheceriam. Sofro a delicadeza dos meus sentimentos com uma atenção desdenhosa. Tenho todas as qualidades, pelas quais são admirados os poeta românticos, mesmo aquela falta dessas qualidades, pela qual se é realmente poeta romântico. Encontro-me descrito (em parte) em vários romances como protagonista de vários enredos; mas o essencial da minha vida, como da minha alma, é não ser nunca protagonista." (Fernando Pessoa)
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sábado, 23 de abril de 2011
As estrelas
As estrelas desenham-se frágeis num teto opaco de reminiscências. Escuto através das paredes dos meus pensamentos as poucas vozes que me restam. De ti, apenas um gesto, o teu melhor, como sempre. Eu acolhi a forma de toda a sua plenitude, e guardei preciosamente numa caixa junto ao coração.
As estrelas desenham-se sem suporte. Instalam-se no céu e nas calçadas da rua escura, atrapalhadamente. Dei-lhes o teu nome, e uma página de papel em branco para elas habitarem sossegadas. Do outro lado da folha, uma estrofe vertida pelos teus lábios numa tarde de há muitos dias. Em hipérbole, obviamente, como devem ser todas as cartas dos amantes.
Me visto das cores das folhas de Outono, que não chegaram ainda. Amanhã de manhã já vou lamentar por não ter tuas mãos, e as estrelas ficarão à porta à espera de uma lagrima. Deixarei as esperando? Desta vez talvez fique lá dentro mais um pouco, semi-escondido no meio das tuas lembranças e das faixas das músicas que só me trazem você, até que a maior parte das pessoas tenham já partido para outro fuso horário. E as folhas de outono virem andorinhas e o céu seja o de primavera vaidosa e febril.
Creio que alguém devia escrever alguma coisa acerca das estrelas a flutuar lá em cima. Eu já esqueci os nomes que lhes dei outrora, enquanto absorvia as palavras vermelhas do poema. Leio-o agora, na esperança de te ver nascer das suas linhas hiperbolicamente, por detrás do pêndulo da tua falta nestas mãos que não te agarram, como não me servem. Pego no telefone para tentar não ouvir o conta-gotas das ausências, e falo de ti às paredes do quarto. Baixinho, elas respondem-me com a tua voz, do outro lado: “Traz-me os. Devo-lhes algumas horas de contemplação.”
As estrelas desenham-se sem suporte. Instalam-se no céu e nas calçadas da rua escura, atrapalhadamente. Dei-lhes o teu nome, e uma página de papel em branco para elas habitarem sossegadas. Do outro lado da folha, uma estrofe vertida pelos teus lábios numa tarde de há muitos dias. Em hipérbole, obviamente, como devem ser todas as cartas dos amantes.
Me visto das cores das folhas de Outono, que não chegaram ainda. Amanhã de manhã já vou lamentar por não ter tuas mãos, e as estrelas ficarão à porta à espera de uma lagrima. Deixarei as esperando? Desta vez talvez fique lá dentro mais um pouco, semi-escondido no meio das tuas lembranças e das faixas das músicas que só me trazem você, até que a maior parte das pessoas tenham já partido para outro fuso horário. E as folhas de outono virem andorinhas e o céu seja o de primavera vaidosa e febril.
Creio que alguém devia escrever alguma coisa acerca das estrelas a flutuar lá em cima. Eu já esqueci os nomes que lhes dei outrora, enquanto absorvia as palavras vermelhas do poema. Leio-o agora, na esperança de te ver nascer das suas linhas hiperbolicamente, por detrás do pêndulo da tua falta nestas mãos que não te agarram, como não me servem. Pego no telefone para tentar não ouvir o conta-gotas das ausências, e falo de ti às paredes do quarto. Baixinho, elas respondem-me com a tua voz, do outro lado: “Traz-me os. Devo-lhes algumas horas de contemplação.”
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